‘Grande é o nosso Senhor, e de grande poder; o seu entendimento é infinito’ (Salmo 147:5). Deus não somente sabe tudo que aconteceu no passado em todos os rincões dos Seus vastos domínios, e não apenas conhece por completo tudo o que agora está ocorrendo no universo inteiro, mas também é perfeito conhecedor de todos os acontecimentos, do menor ao maior deles, que haverão de suceder nas eras vindouras. O conhecimento que Deus tem do futuro é tão completo como o Seu conhecimento do passado e do presente, e isso porque o futuro depende totalmente dEle próprio. Se fosse possível ocorrer alguma coisa sem a ação direta de Deus ou sem a Sua permissão, então aquilo seria independente dEle, e Ele deixaria, de pronto, de ser Supremo.
Ora, o conhecimento divino do futuro não é mera abstração, mas é algo inteiramente ligado ao Seu propósito, o qual o acompanha. Deus mesmo planejou tudo que há de ser, e o que Ele planejou terá que ser efetuado. Como a Sua Palavra infalível afirma, ‘… segundo a sua vontade ele opera com o exército do céu e os moradores da terra: não há quem possa estorvar a sua mão e lhe diga: Que fazes?’ (Daniel 4:35). E de novo: ‘Muitos propósitos há no coração do homem, mas o conselho do Senhor permanecerá’ (Provérbios 19:21). Como a sabedoria e o poder de Deus são igualmente infinitos, tudo que Deus projetou está absolutamente garantido. (Que os conselhos divinos deixem de cumprir-se, é tão impossível como seria para Deus, três vezes santo, mentir.
Quanto à realização dos conselhos de Deus relativos ao futuro, nada é incerto. Nenhum dos Seus decretos é deixado na dependência das criaturas, nem das causas secundárias. Não há evento futuro que seja apenas uma possibilidade, isto é, coisa que pode ou não vir a acontecer. ‘Conhecidas por Deus são todas as suas obras desde a eternidade’ (Atos 15:18). O que quer que Deus tenha decretado é inexoravelmente certo, pois nEle ‘… não há mudança nem sombra de variação’ (Tiago 1:17). Portanto, ‘logo no início do livro que nos desvenda tantas coisas do futuro, são nos ditas ‘… as coisas que brevemente devem acontecer…’ (Apocalipse 1:1).
O perfeito conhecimento de Deus é exemplificado e ilustrado em todas as profecias registradas em Sua Palavra. No Velho Testamento acham-se vintenas de predições concernentes à história de Israel, as quais se cumpriram até o mínimo pormenor, séculos depois de terem sido feitas. Há também vintenas doutras mais, predizendo a carreira de Cristo na terra, e também se cumpriram literal e perfeitamente. Tais profecias só poderiam ter sido dadas por Alguém que conhecesse o fim desde o princípio, e cujo conhecimento repousasse na incondicional certeza da realização de tudo quanto fosse predito. De modo semelhante, o Velho e o Novo Testamento contêm muitos outros anúncios ainda futuros, e estes também ‘tem que cumprir-se’ (Lucas 24:44, na versão usada pelo autor), tem que cumprir-se porque preditos por Aquele que os decretou.
Contudo, deve-se assinalar que, nem o conhecimento de Deus, nem a Sua cognição do futuro, considerados simplesmente em si mesmos, são causativos. Nada jamais aconteceu, nem acontecerá, apenas porque Deus o sabia. A causa de todas as coisas é a vontade de Deus. O homem que realmente crê nas Escrituras sabe de antemão que as estações do ano continuarão a seguir-se sucessivamente com infalível regularidade até o fim da história da terra (Gênesis 8:22); todavia, não é o seu conhecimento a causa da referida sucessão de eventos. Assim, o conhecimento de Deus não nasce das coisas porque elas existem ou existirão, mas porque Ele ordenou que existissem. Deus sabia da crucificação do Seu Filho e a predisse muitas centenas de anos antes que Ele Se encarnasse, e isto, porque, segundo o propósito divino, Ele era um Cordeiro morto desde a fundação do mundo. Portanto, lemos que Ele ‘…foi entregue pelo determinado conselho e presciência de Deus…’ (Atos 2:23).
Uma ou duas palavras, à guisa de aplicação. O conhecimento infinito de Deus deveria encher-nos de assombro. Quão exaltado é o Senhor, acima do mais sábio dos homens! Nenhum de nós sabe o que o dia nos trará, mas todo o futuro está aberto ao Seu olhar onisciente. O conhecimento infinito de Deus deveria encher-nos de santa reverência. Nada do que fazemos, dizemos ou mesmo pensamos, escapa à percepção dAquele a quem teremos que prestar contas: ‘Os olhos do Senhor estão em todo o lugar, contemplando os maus e os bons’ (Provérbios 15:3). Que freio seria para nós, se meditássemos nisso mais freqüentemente! Em vez de agir descuidadamente, diríamos com Hagar: ‘Tu, ó Deus, me vês’ (Gênesis 16:13) — segundo a versão utilizada pelo autor, A capacidade de compreensão que o conhecimento infinito de Deus tem deveria encher o cristão de adoração. Minha vida inteira esteve aberta ante os Seus olhos desde o princípio! Ele previu todas as minhas quedas, todos os meus pecados, todas as minhas reincidências; todavia, fixou em mim o Seu coração. Como a percepção disto deveria fazer-me prostrar em admiração e adoração diante dEle!
muito bom esse estudo
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