Os Essênios — Seitas no Judaísmo
Pouco se sabe desta seita que Josefo descreveu em pormenor no seu livro “Guerras dos Judeus” (1). A significação do seu nome é incerta, mas há quem pretenda ligá-lo à palavra grega hosios, que significa “santo”.
Os Essênios, diferentemente dos Fariseus e dos Saduceus, constituíam uma fraternidade ascética para a qual só podiam entrar aqueles que se submetessem aos regulamentos do grupo e às cerimônias de iniciações. Abstinham-se do casamento e mantinham as suas fileiras por adoção ou pela recepção de neófitos. As suas comunidades mantinham em comum as suas propriedades, de sorte que nenhum era rico nem era pobre. Cada um se sustentava a si próprio por meio do trabalho manual. Comiam os alimentos mais simples e vestiam-se habitualmente de branco, quando não estavam a trabalhar.
Os Essênios eram sábios e restritos em conduta, não dando lugar à ira, nem usando juramentos. Observavam o sábado com o maior rigor e davam atenção especial à pureza individual. Qualquer desvio das regras da sua ordem era punido com a expulsão da comunidade.
Teologicamente, os Essênios eram semelhantes aos Fariseus na sua observância estrita da lei e no seu supernaturalismo. Ensinavam que a alma do homem é intangível e imortal, encerrada num corpo perecível. Na morte, o bom passa para uma região de sol brilhante e frescas brisas, enquanto que os réprobos são relegados para um lugar escuro e tempestuoso de tormento contínuo.
As tendências ascéticas dos Essênios são comparáveis de muitas maneiras ao monasticismo que desabrochou na Idade Média. Algumas das suas doutrinas parecem ter brotado do contato com o pensamento gentílico, pois assemelham-se aos Estoicos nas suas atitudes. É realmente curioso o fato de não serem mencionados nos Evangelhos. Alguns escritores aventavam a opinião de que João Batista e Jesus fossem Essênios, sendo, então, o Cristianismo um desenvolvimento do Essenismo. A despeito de algumas semelhanças superficiais, o legalismo estrito do Essenismo, em contraste com a saliência da graça no Cristianismo, torna tal ligação extremamente improvável. Para haver ligação entre os Essênios e a seita cuja “Disciplina” aparece entre os Manuscritos do Mar Morto, recentemente descobertos, não temos ainda prova cabal dessa ligação mas as evidências parecem estar a aumentar (2)
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NOTAS
(1) Josefo, Guerras dos Judeus, II, viii, 2-13.
(2) Veja A. Dupont-Sommer, Observations sur le Manuel de Discipline etc. (Paris, 1951), Wm. H. Brownlee, “The Historical Allusions of the Dead Sea Habakkuk Midrash”, Bulletin of the Society of Oriental Research CXXVI (Abril, 1952, 10-12, e Ralph Marcus, “Philo, Josephus, and the Dead Sea Yahad”, Journal of Biblical Literature LXXI (1952), 207-209.
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