A história de Lucas, o médico amado
Muito provavelmente Lucas foi um gentio de fala grega de Antioquia da Síria, que talvez estabeleceu residência por um tempo em Filipos (cf. Atos 16:12). Na Epístola aos Colossenses, o apóstolo Paulo se refere a ele como o “médico amado”. Além disso, o apóstolo o distingue dos homens da circuncisão, isto é, os judeus.
Isso parece reforçar a sugestão de que ele tenha sido gentio, possivelmente grego. Apesar disso, alguns estudiosos se esforçam em supor que ele tenha sido um judeu da dispersão convertido ao cristianismo.
Alguns intérpretes sugerem que Lucas possa ter sido irmão de Tito. Eles fazem essa sugestão com base em algumas passagens da Epístola aos Coríntios (2 Coríntios 8:18; 12:18). No entanto, não é possível provar essa posição de forma realmente convincente.
Existem muitas teorias em torno de quem foi Lucas, inclusive algumas que parecem ser um tanto quanto fantasiosas. A mais conhecida delas conta que Lucas foi um escravo de Teófilo, a quem ele citou em suas obras, e que esse homem reconheceu a grande capacidade intelectual de Lucas e patrocinou seus estudos.
Assim, Teófilo teria o matriculado na faculdade de medicina da universidade de Tarso. Supostamente lá ele teria conhecido Paulo de Tarso. Segundo essa teoria, a amizade dos dois iniciciou-se ali, e a conversão posterior de Paulo também conduziu Lucas à conversão.
Lucas foi muito útil na obra do Senhor
Apesar de tudo isso, as informações realmente confiáveis sobre ele são aquelas encontradas na Bíblia. É através de suas obras, que se torna possível entender um pouco sobre sua biografia. Lucas era uma pessoa culta e educada, um pesquisador e historiador extremamente disciplinado e detalhista como escritor.
Em várias ocasiões no livro de Atos, Lucas se coloca como uma testemunha ocular dos acontecimentos ali narrados. Ele destaca sua participação especialmente como um companheiro muito próximo do apóstolo Paulo (Atos 16:10-17; 20:5; 21; 27; 28).
Além da passagem em Colossenses, Paulo também faz menção a Lucas quando ao escrever a Filemom. Mais uma vez o apóstolo ressalta que o médico era um de seus grandes cooperadores (Filemom 24).
Quando Paulo escreveu essas duas cartas ele estava preso. Considerando esse fato, e combinando com os relatos dos dois últimos capítulos do livro de Atos, é possível concluir que Lucas era um de seus companheiros, tanto na difícil viagem em que enfrentou um naufrágio quanto em sua prisão em Roma.
Não é exagero imaginar que Lucas, como médico e fiel companheiro missionário de Paulo, também tenha o amparado não apenas como amigo e irmão em Cristo, mas também como médico em suas aflições físicas. Lucas também estava acompanhando o apóstolo na ocasião de sua segunda prisão em Roma. Já próximo ao seu martírio, quando Paulo escreveu a Timóteo, o apóstolo destacou que somente Lucas estava com ele.
Portanto, como não se sabe se Timóteo conseguiu chegar a tempo antes de Paulo ser martirizado, Lucas talvez tenha sido o único a acompanha-lo em seus últimos dias de vida.
Após esse período nada se sabe sobre o que aconteceu com Lucas. Tradições cristãs muito antigas afirmam que ele continuou dedicando completamente sua vida na obra do Senhor. Ele permaneceu empenhado na proclamação do Evangelho, até que faleceu com idade avançada na Grécia.
Alguns apontam a região da Beócia, na Grécia Central, como sendo o local onde ele passou seus últimos dias. Também existe uma especulação que diz que ele teria vivido até os 84 anos de idade, sem ter esposa ou filhos.
O Escritor Lucas
Desde muito cedo, ainda na Igreja Primitiva, a tradição cristã atribuiu a ele a autoria de dois dos livros do Novo Testamento. Se realmente Lucas foi um gentio, então ele pode ter sido o único não judeu a escrever um livro no Novo Testamento, apesar de também não se saber quem escreveu a carta aos Hebreus.
Em seus escritos, é possível perceber traços de sua formação e profissão. Ele aplica um grego culto como linguagem e se mostra bastante específico ao descrever casos de enfermidades. Pela qualidade e organização de seu trabalho, Lucas é considerado um historiador primordial do primeiro século, cuja obra é impecável e digna de confiança.
Além de Paulo, Lucas teve contato muito próximo com os mais notáveis líderes cristãos da Igreja Primitiva. Provavelmente ele conheceu Filipe, Silas, Barnabé, Timóteo, Tito, Marcos, Tiago e Judas, irmãos de Jesus, além de apóstolos como Pedro e João.
Além disso, por ter estado em lugares intimamente associados ao próprio ministério de Jesus e de seus apóstolos, Lucas conseguiu ter acesso a conhecimentos valiosíssimos e seguros acerca o próprio Senhor Jesus, conforme fica claro no terceiro Evangelho (Lucas 1:1-4). Ele também teve o privilégio de presenciar de perto a história dos primeiros anos da Igreja Cristã.
Os dois livros escritos por Lucas tinham não apenas o objetivo de servir a Teófilo, seu destinatário imediato, mas alcançar todas as nações com a pregação do Evangelho. Suas obras procuram instruir e fortalecer a fé de todos aqueles que foram conduzidos a Cristo.
Apesar das muitas teorias que se propagaram nas antigas tradições cristãs acerca de quem era Lucas, não é necessário muito para se entender sua grande importância. Lucas foi uma pessoa sábia, capacitada e muito habilidosa. Ele tinha seu coração fervorosamente devotado a Cristo e a causa do Evangelho.
Postar um comentário
Gostou da postagem?
Deixe o seu comentário sobre este assunto.