Bíbliologia - Visão Panorâmica da Bíblia Cap.7

CAPÍTULO 07 
A ESTRUTURA DA BÍBLIA – O NOVO TESTAMENTO

A. O NOVO TESTAMENTO 
1. O CÂNON DO NOVO TESTAMENTO Pelo Cânon do Novo Testamento queremos falar a coleção de 27 livros do Novo Testamento considerados como a norma ou regra de fé para a Igreja de Cristo. Surgem logo perguntas a respeito do cânon do Novo Testamento. Como e quando chegaram a ser reconhecidos como livros inspirados? Qual a base para a seleção destes livros e por que rejeitaram outra literatura da igreja daquele tempo? Vamos tentar responder estas perguntas, incluindo: Quando foram escritos estes livros?

2. O CONTEÚDO DO CÂNON NEO-TESTAMENTÁRIO Como já notamos, o cânon do Novo Testamento tem 27 livros escritos em grego. Os primeiros cinco são de caráter histórico, sendo quatro os Evangelhos que contém ditos e feitos de Jesus Cristo, e um é o livro de Atos, escrito por Lucas, o autor do terceiro Evangelho. Temos 21 cartas escritas por Paulo, Pedro, Tiago, Judas e possivelmente mais um autor, se Hebreus não é paulino, é o livro de Apocalipse, escrito por João, o mesmo autor de um dos Evangelhos e três cartas.

3. AS DATAS DESTES LIVROS Segundo a informação dada em Lucas 3.1, o ministério de João Batista que precedeu o início do ministério de Jesus Cristo data do 15° ano de Tibério César. Tibério tornou-se imperador em agosto de 14 A.D., assim o 15° ano começaria em outubro, 27 D.C. Temos três páscoas mencionadas no evangelho de João, se sendo que a terceira foi a Páscoa de 30 D.C., esta sendo a data mais provável da morte de Cristo na cruz. O Novo Testamento, como é conhecido hoje, estava completo por volta do ano 1000 D.C. e a grande parte dos livros já existindo há mais de 40 anos. Pode-se dizer que quase todos os livros foram escritos antes de 70 D.C.

4. COMO FOI FORMADO? Evidência Interna: Isto é do próprio Novo Testamento. O fato é que a Igreja primitiva recebeu dos judeus a ideia de uma regra de fé e conduta escrita. Esta ideia foi confirmada pelo Senhor Jesus Cristo, e os escritores do Novo Testamento, que sempre se referiam ao Velho Testamento como sendo a palavra de Deus escrita. Sabemos que desde o princípio, a Igreja cristã tem aceitado as palavras de Cristo com a mesma autoridade com que aceitaram as palavras do Velho Testamento, e aceitaram não apenas isto, mas declararam os apóstolos que o seu próprio ensino, oral e escrito possuía autoridade semelhante a do Velho Testamento. Tal era a autoridade de seus escritos, que mandaram que fosse lido publicamente nas Igrejas (I Ts 5.27; Cl 4.16; II Pe 3.1,2). Era, portanto natural que a literatura do Novo Testamento se acrescentasse ao Velho Testamento. No próprio Novo Testamento, pode ser que vejamos o início deste processo (I Tm 5.18; II Pe 3.1,2 e 15,16). Além da evidência interna, temos a evidência histórica da forma- ção do Cânon do Novo Testamento.

5. O CRITÉRIO CANÔNICO O critério que a Igreja aplicou como teste de autenticidade era ditado pelas necessidades de fazer face à controvérsia com hereges e descrentes. Como veremos a seguir, na seleção do material que iria compor os primeiros escritos, as necessidades missionárias, ao lado das apologéticas, são o critério para a seleção de testimonia, ditos, milagres e parábolas de Jesus que, nos primórdios na nova época, iriam formá-los. Eis alguns critérios de seleção: A apostolicidade A obra em consideração pela Igreja deveria ter sido escrita por um dos doze ou possuir o que se chamaria hoje de imprimatur apostólico. O escrito deveria proceder da pena de um apóstolo ou de alguém que estivera em contato chegado com apóstolo e, quando possível, produzido a seu pedido ou haver sido especialmente comissionado para fazê-lo. Como consequência este documento deveria pertencer a um período bem remoto. Quanto aos Evangelhos, estes deveriam manter o padrão apostólico de doutrinas particularmente com referência à encarnação e ser na realidade um evangelho e não porções de evangelhos, como tantos que circulavam naquele tempo. A circulação e uso do livro. É provável que certos livros houvessem sido aceitos e circulado como autoridade antes mesmo que qualquer relação com apóstolo, quer direta, quer indireta, fosse determinada. É deste modo que o escrito recebia o imprimatur da própria comunidade cristã universal que o usava. Ortodoxia. Este era importante item na escala de padrões de aferimento. Percebe-se nos próprios escritos do Novo Testamento, que depois formaram seu cânon, o repúdio à falsa doutrina e a luta pela preservação da ortodoxia, que em Rm 6.17 chama de "padrão de doutrina", ou o que II Tm 1.13 denomina "padrão das sãs palavras", ou ainda o "depósito de I Tm 6.20. Autoridade diferenciadora. Bem cedo, antes mesmo que os Evangelhos fossem mencionados juntos, já os cristãos distinguiam livros que eram citados e lidos como tendo autoridade divina e outros que continuavam fora do Novo Testamento. A leitura em público. Nenhum livro seria admitido para a leitura pública na Igreja se não possuísse características próprias. Muitos outros livros circulavam quando Mateus começou a ser usado pelos cristãos. Poderiam ser bons e de leitura agradável, mas só serviam para a leitura em particular. Havia alguns, e entre eles os Evangelhos de modo restrito e Mateus de modo singular, que se prestavam à leitura e ao comentário perante as congregações cristãs, como a Lei e os Profetas nas Sinagogas. É o que I Tm 4.13 quer dizer quando Timóteo é exortado a aplicar-se à leitura, isto é, à "leitura pública das Escrituras" como sabiamente indica um rodapé da última revisão de Almeida.

6. O PRIMEIRO SÉCULO D.C. Não se sabe quando as palavras do Senhor (At 20.35 e I Co 7.10) foram registradas por escrito pela primeira vez. Porém, em mais ou menos 58 D.C., quando Lucas escreveu seu Evangelho, muitos  já haviam empreendido esta tarefa (Lc. 1.1). Pode ser que a Epístola de Paulo aos Gálatas fosse escrita tão cedo como em 49 D.C. É claro que a Epistola foi escrita antes de sua morte em 62 D.C. e as outras Epístolas de Paulo e Pedro, antes da morte deles, na época de 68 D.C. A maior parte do Novo Testamento já estava escrita antes da queda de Jerusalém em 70 D.C. O Evangelho e as Epístolas de João, e o Apocalipse, certamente foram completadas antes do fim do primeiro século.

7. O CÂNON DO NOVO TESTAMENTO E OS PAIS DA IGREJA Escritores "evangélicos" no fim deste mesmo século mostram que conheciam os evangelhos e epístolas. A atitude dos cristãos em face das normas da doutrina cristã que encontramos no fim da época apostólica (isto é, mais ou menos em fins do século I d.C.) pode ser encontrada no princípio da era pós-apostólica, principalmente na fase mais antiga dos pais apostólicos.


(1) CLEMENTE, Bispo de Roma - Cerca de 95, escreveu uma carta a Igreja de Corinto, e nesta carta menciona, 1 Coríntios, Efésios, 1 Timóteo, Tito, Tiago, o evangelho de João e Hebreus.



(2) INÁCIO, Bispo de Antioquia - Antes de 117, deixou sete cartas e nelas menciona passagens dos evangelhos, especialmente Mateus e João e as cartas paulinas, colocando os escritos do Novo Testamento num plano de autoridade superior aos do Velho Testamento, em virtude da clareza de seu testemunho.



(3) POLICARPO, que conhecia João pessoalmente, escreveu uma carta em cerca de 105-108, que menciona cartas de Paulo como autoritativas, principalmente Filipenses, mas revela conhecimento de Mateus, Atos, Romanos, 1 e 2 Coríntios, Gálatas, Efésios, 1 e 2 Tessalonicenses, 1 e 2 Timóteo, 1 e 2 Pedro e I João. Estes escritores distinguiram claramente entre seus próstram estes escritores que, mesmo nesta data primitiva, os evangelhos e as epístolas do Novo Testamento, já se achavam em circulação e eram honrados tanto nas igrejas do ocidente como do oriente. 100-150 D.C. - As Escrituras do Novo Testamento lidas nas Igrejas.


(4) PAPIAS - Cerca de 140 D.C. testifica que "a voz viva dos presbí- teros ia sendo substituída pela autoridade da palavra escrita". Nos escritores deste período há referências claras a todos os livros do Novo Testamento, com exceção a 6 ou 7 das epístolas mais curtas; ele atesta a existência de Mateus e Marcos e o caráter apostólico destas obras.

(5)JUSTINO, o Mártir (148 D.C.) - fala das recordações dos apóstolos e os que seguiam como sendo lidas nas igrejas. Tanto hereges, como cristãos ortodoxos, testemunham a sua autoridade, muitas vezes citando o Novo Testamento e acrescentando "como está escrito". 150-200 D.C. - Traduções e comentários do Novo Testamento Neste período a Igreja de Cristo se expandiu e desenvolveu-se. Com a inclusão de homens de novas raças e grande capacidade, os eruditos fizeram traduções das Escrituras em outras línguas. Remontam a este tempo a velha versão latina para o povo da África do Norte e a versão Siríaca para o povo do Oriente Médio. Começaram a aparecer comentários. Houve por exemplo, o Comentário sobre os oráculos do Senhor, da autoria de Papias (140). Um comentário sobre o Apocalipse, da autoria de Melito (165). Pouco depois, Tatião escreveu o DIATESSERON, ou Harmonia dos quatro evangelhos, que se reconheciam como possuidores de autoridade única. Ao fim do século, Clemente de Alexandria escreveu seus Esboços, que é um comentário em 7 volumes sobre os livros do Novo Testamento, que incluía todos os livros do Novo Testamento,  mais a epístola de Barnabé e o Apocalipse de Pedro (que foram excluídos do cânon). 200 - 300 - Colecionam-se e separam-se os livros do Novo Testamento ORÍGENES, é um erudito da época, era tão trabalhador que se diz que empregou 7 estenógrafos que revezavam no trabalho de registro do que ditava, além de 7 copistas e outros que ajudavam na parte de secretaria. Redigiu ele do texto do Novo Testamento, defendeu sua inspiração, escreveu comentários ou discursos sobre a maioria dos livros.

(6) TERTULIANO (cerca de 200) foi o primeiro a chamar a coleção que temos de "Novo Testamento", assim colocando-a ao mesmo nível de inspiração como os livros do Velho Testamento. BIBLIOTECAS se formaram em Alexandria, Jerusalém, Cesaréia, Antioquia, Roma e ainda outras cidades, das quais a parte mais importante consistia em manuscritos e comentários das Escrituras. 300 - 400 - O cânon bem estabelecido Vários fatores contribuíram para tornar importante a distinção entre livros canônicos e outros livros não canônicos. Alguns dos fatores eram:
(a) A coleção num só livro dos livros inspirados.
(b) Serem reconhecidos estes livros com a autoridade da fé cristã.
(c) O aumento das heresias e falsa doutrina. Antes do fim do quarto século, todas as Igrejas tinham reconhecido o cânon do Novo Testamento, como o temos hoje. Eusébio, conta até que ponto o assunto do Cânon chegara a seu tempo (316 d.C.). Aceitos universalmente - Os 4 evangelhos, Atos, Epístolas de Paulo (incluindo Hebreus), I Pedro, I João e Apocalipse. Disputado por alguns - Embora admitidos pela maioria e  pelo próprio Eusébio, Tiago, II Pedro, II e III João, Hebreus e Judas. Não genuínos - Atos de Paulo, Didache (ensinos dos Apóstolos), o Evangelho dos egípcios, o Evangelho de Tomé, o Evangelho das basilidas, o Evangelho de Matias e o Pastor de Hermes. No ano de 367, Atanásio pela primeira vez apresentou um cânone do Velho e Novo Testamentos firmemente circunscritos, dentro do qual eram definidas as classes individuais dos textos e de sua sequência. Ele designou vinte e sete livros como sendo os únicos realmente canônicos do nosso Novo Testamento; ninguém pode acrescentar mais nada a este número, bem como ninguém pode retirar coisa alguma. O 3° Concílio de Cartago (397) mandou que: "além das Escrituras canônicas, nada se lesse na igreja sob o título de "Escrituras divinas". A discussão a respeito do cânon nos séculos subsequentes se acalmou, porém, muitos eruditos têm se perguntado a si mesmo porque haveria eles de concordar com a resolução já feita. Agostinho disse que concordou por causa da natureza dos próprios livros e pela unidade praticamente completa entre os cristãos neste assunto. Calvino baseava a sua crença na autoridade desses livros no testemunho do Espírito Santo. Nós aceitamos por todas essas razões, mas principalmente porque já provamos em nossas vidas a veracidade de tudo aquilo que está escrito. Quando vivemos pelas Escrituras, descobrimos que elas são suficientes para todas as nossas necessidades, completas em si mesmas. A única regra de fé e prática. Novo Testamento forma a segunda parte da Bíblia. O Velho Testamento cobre um período de milhares de anos de história, mas o Novo Testamento, menos de um século. A fração do l Século d. C., coberta pelo N. T., foi o período crucial durante o qual, em conformidade com as crenças cristãs, começaram a ter cumprimento as profecias Messiânicas: Foi realizado o divino plano da redenção dos homens, por intermédio do Filho de Deus, Jesus Cristo;

 O povo de Deus, a Igreja, se formou. 

Tudo estava estribado sobre o Novo Pacto, segundo o qual Deus se ofereceu para perdoar os pecados daqueles que crêem em Jesus Cristo, em virtude de Sua morte Vicária. Escrito originalmente em grego, entre 45 – 95 (?) d.C., os Livros do N. T. é tradicionalmente atribuído aos apóstolos Pedro, João, Mateus e Paulo, bem como outros antigos escritores cristãos, João Marcos, Lucas.




Postar um Comentário

Gostou da postagem?
Deixe o seu comentário sobre este assunto.

Postagem Anterior Próxima Postagem

Veja Mais!