CAPÍTULO 06
A ESTRUTURA DA BÍBLIA – O VELHO TESTAMENTO
A. A ESTRUTURA DA BÍBLIA A Bíblia contém 66 livros e é dividida em Velho e Novo Testamentos.
O Velho Testamento tem 39 Livros e levou um período de aproximadamente
1500 anos para ser escrito e, o Novo Testamento tem 27 Livros
que foram escritos num período de 100 anos. A palavra Testamento
quer dizer "aliança" ou "pacto".
O Velho Testamento é a aliança que Deus fez com o homem
quanto à sua salvação, antes de Cristo vir.
O Novo Testamento é o pacto que Deus fez com o homem, quanto
à sua salvação, depois de Cristo vir.
Obs.: Velho e Novo Testamento são definições cristãs, e não judaicas,
pois os judeus só aceitam como Escritura Sagrada apenas os livros do
Vetero-testamentarios.
B. O VELHO TESTAMENTO
1. A FORMAÇÃO DO CÂNON DO VELHO TESTAMENTO
Quais são os livros que pertencem ao Cânon do Velho Testamento?
Por que só os 39? A Igreja Católica Romana, desde o Concílio
de Trento, (1546), tem recebido outros livros como canônicos.
Estes são 14 apócrifos, que vem do adjetivo grego "apokriphos"
(ocultos). Estes livros são: 1° e 2° Esdras, Tobias, Judite, Adições
a Ester, Oração de Manassés, Epístola de Jeremias, Livro de Baruque,
Eclesiástico, Sabedoria de Salomão, 1° e 2° Macabeus, Adi-
ções a Daniel, que inclui a Oração de Azarias, o Cântico dos Três
Hebreus e Bel e o Dragão. Vamos examinar o conteúdo e origem
destes livros duma maneira bem resumida, depois verificar porque
não foram aceitos pela Igreja.
2. OS LIVROS APÓCRIFOS
Os Apócrifos: É esta a denominação que comumente se dá aos
14 livros contidos em algumas Bíblias, entre os dois Testamentos.
Originaram-se do terceiro ao primeiro século AC. a maioria dos
quais de autor incerto, e foram adicionados a Septuaginta, tradu-
ção grega do Velho Testamento, feita naquele período. Não foram
escritos no hebraico do Velho Testamento. Foram produzidos
depois de haver cessado as profecias, oráculos e a revelação
direta do Velho Testamento, Josefo rejeitou-os totalmente. Nunca
foram reconhecidos pelos judeus como parte das Escrituras
hebraicas. Nunca foram citadas por Jesus, nem por ninguém
mais no Novo Testamento. Não foram reconhecidos pela Igreja
Primitiva como de autoridade canônica, nem de inspiração divina.
Quando se traduziu a Bíblia para o latim, no segundo século
A.D. seu Velho Testamento foi traduzido, não o Velho Testamento
hebraico, mas da versão grega da Septuaginta do Velho Testamento.
Da Septuaginta esses livros apócrifos foram levados para
a tradução latina; e daí para a Vulgata, que veio a ser a versão
comumente usada na Europa Ocidental até o tempo da Reforma.Os protestantes baseando seu movimento na autoridade divina
da Palavra de Deus, rejeitaram logo esses livros apócrifos como
não fazendo parte dessa Palavra, assim como a Igreja Primitiva e
os hebreus antigos fizeram. A Igreja romana, entretanto, no Concílio
de Trento em 1546 A.D. realizado para deter o movimento
protestante, declarou canônicos tais livros, que ainda figuram na
versão de Matos Soares, etc... (Bíblia Católica Romana).
3. O VALOR DOS APÓCRIFOS
Não podemos dizer que esses livros não têm nenhum valor, pois
não seria verdade. Tem valor, mas não como as Escrituras. São livros
de grande Antiguidade e valor real. Do mesmo modo que os
manuscritos do Mar Morto são monumentos a atividade literária
dos judeus, estes também são. Em parte, preenchem a lacuna
histórica entre Malaquias e Mateus, e ilustram a situação religiosa
do povo de Deus naquela época.
4. POR QUE OS APÓCRIFOS NÃO FORAM ACEITOS NO CÂNON DO
VELHO TESTAMENTO?
1) Nenhum dos livros foi encontrado dentro do cânon hebraico.
Um estudo da história do Cânon dos judeus da Palestina revela
uma ausência completa de referências aos livros apócrifos.
Josefo, diz que os profetas escreveram desde os dias de Moisés
até Artaxerxes, também diz: ...é verdade que a nossa história
tem sido escrita desde Artaxerxes, não foi tão estimada
como autoritativa como a anterior dos nossos pais, porque
não houve uma sucessão de profetas desde aquela época. O
Talmude, fala assim: "Depois dos últimos profetas, Ageu, Zacarias
e Malaquias, o Espírito Santo deixou Israel". Não constam
no texto dos massoretas (copistas judeus da maior fidelidade)
entregar tudo o que consideravam canônico nas Escrituras
do Velho Testamento. Nem tão pouco parece ter havido "Targuns" (paráfrases ou comentários judaicos da antigüidade)
ligado a eles. Para os judeus, os livros considerados "inspirados"
são os 39 que hoje conhecemos como Velho Testamento.
Eles os possuem numa ordem diferente da nossa por
causa da forma pela qual dividem os livros.
2) Todos estes livros foram escritos depois da época quando a
profecia cessou em Israel, e não declaram ser mensagem de
Deus ao homem.
Fora dois deles, Eclesiástico e Baruque, os livros são anônimos,
e no caso de Eclesiástico, o autor não se diz profeta,
nem asseverou que escreveu sob a inspiração de Deus. O livro
de Baruque que se diz ser escrito pelo secretário de Jeremias,
não pode ser aceito como genuíno, pois contradiz o relato bíblico.
Os livros de Macabeus não tem nenhuma pretensão para autoria
profética. Mas registra detalhes sobre as guerras de independência
em 165 A.C. quando os cinco irmãos macabeus
lutaram contra os exércitos da Síria. I Macabeus é geralmente
considerado como de maior valor histórico do que o II.
3) O nível moral de muitos destes livros é bastante baixo.
São cheios de erros históricos e cronológicos, por exemplo,
Baruque 1.1, diz que ele está na Babilônia, enquanto Jeremias
43.6, diz que ele está no Egito. Baruque diz que os utensílios
do templo foram devolvidos da Babilônia, enquanto Esdras e
Neemias revelam o contrário. Baruque cita uma data errada
para Beltesazar e diz que o cativeiro era de sete gerações (Baruque
6.3), o que contradiz as profecias de Jeremias e o cumprimento
de Esdras. Tobias e Judite estão cheios de erros geográficos,
cronológicos e históricos. Tobias 1.4,5 contradiz
14.11. Mentiras, assassinatos e decepções são apoiados. Judite é um exemplo. Temos suicídios (4.10), encantamentos,
magia e salvação pelas obras (Tobias 12.9; Judite 9.10,13).
4) Não foram incluídos no Cânon até o fim do 4° século.
Como já observamos, os livros apócrifos, não foram incluídos
no cânon hebraico. Os livros apócrifos foram incluídos na Septuaginta,
a versão grega do Velho Testamento e que não é de
origem hebraica, mas de Alexandria, que é uma tradução do
hebraico. Os Códices Vaticanos, Alexandrinos e Sinaíticos, têm
apócrifos entre os livros canônicos. Porém temos de notar vá-
rios fatores aqui.
a) Nem todos os livros apócrifos estão presentes nos Códices
e não tem ordem fixa dentro dos Códices.
b) Por ser um livro de origem egípcia, pois vem de Alexandria,
a Septuaginta não tinha as mesmas salvaguardas contra
erros e acréscimos, pois não tinham massoretas orientando
a obra com o mesmo cuidado que usaram no texto
hebraico.
c) Manuscritos, naquele tempo, ficavam em rolos, não em livros
e são facilmente misturados, e seria fácil juntar outros
que ficaram numa mesma caixa. No caso de guerras ou
desastres, estes manuscritos poderiam ser colocados em
jarros de barro e lacrados para serem posteriormente reutilizados.
Alguns destes jarros foram achados nas cavernas
de Qumran com manuscritos que nos ajudaram a confirmar
o conteúdo de nossas Bíblias atualmente, além de revelarem
uma série de fatos muito interessantes sobre a
vida daquela época.
d) O preço de material para escrever pode influir também.
Não era tão fácil calcular o espaço necessário para fazer
um livro. Que fariam se cortassem o couro e descobrissem 30 ou 40 páginas de couro sobrando no livro? Naturalmente
encheria com conteúdo devocional. A tendência seria
de misturar livros bons com os canônicos até o ponto que
os nãos canônicos fossem aceitos como canônicos.
e) Os livros não canônicos não foram recebidos durante os
primeiros quatro (4) séculos. Melito, o bispo de Sardis em
170 D.C., visitou a Judéia para verificar o número certo de
livros do Velho Testamento. A lista que ele fornece, inclui
os livros canônicos do Velho Testamento, menos Ester
(porque não reconheceu entre os apócrifos) e não incluiu
os apócrifos.
ORÍGENES, o erudito do Egito, com uma grande biblioteca,
incluiu os 39 livros do Velho Testamento, mas seguindo
a lista ele fala: "Fora destes temos os livros dos
Macabeus". Outros pais da Igreja, como Atanásio, Gregório
de Nazianzus de Capadócia, Rufinus da Itália e Jerônimo,
nos deixaram com uma lista que concorda com
o cânon hebraico.
JERÔNIMO, que fez a Vulgata, não quis incluir os livros
apócrifos por não considerá-los inspirados, porém, os
fez por obrigação do bispo, não por convicção, mesmo
assim só traduziu Judite e Tobias, os outros apócrifos
foram tirados diretamente dos versos latinos anteriores.
Parece que a única figura da antiguidade a favor
dos apócrifos era Agostinho, e dois Concílios que ele
mesmo dominou (393 e 397). Porém, outros escritos
dele (A cidade de Deus) parecem revelar uma distinção
entre os livros canônicos e os apócrifos (17.24;
18.36,38,42-45).
GREGÓRIO, O GRANDE, papa em 600 D.C., citando I
Macabeus falou que não era um livro canônico, e o cardeal Ximenis no seu poligloto afirma que os livros apó-
crifos dentro de seu livro, não faziam parte do cânon.
Os livros apócrifos não foram aceitos como canônicos
até 1546 quando o concílio de Trento decretou: "Este
Sínodo recebe e venera todos os livros do Velho e Novo
Testamentos, desde que Deus ‚ o autor dos dois, também
as tradições e aquilo que pertence a fé e morais,
como sendo ditados pela boca de Cristo, ou pelo Espírito
Santo". A lista dos livros que segue inclui os apócrifos
e conclui dizendo: "Se alguém não receber como Sagrados
e canônicos estes livros em todas as partes, como
foram lidos na Igreja Católica, e como estão na Vulgata
Latina, e que conscientemente e propositadamente contrariar
as tradições já mencionadas, que ele seja aná-
tema".
Para nós o fator decisivo é que Cristo e seus discípulos não os reconheceram
como canônicos, pois não foram citados por Cristo nem os
outros escritores do Novo Testamento!
Mais de três quartos da Bíblia correspondem ao Velho Testamento. O
Velho Testamento dedica-se ao trato de Deus com a nação escolhida.
Temos no Velho Testamento a história Sagrada, mediante a qual
Deus se revela ao homem. Apesar de Israel ser o povo escolhido,
Deus não se revela apenas como o Deus dos judeus, mas igualmente
o governante supremo de todos os povos e de todos os lugares.
Deus elegeu o povo Hebreu com três finalidades:
Ser depositário da Sua Palavra;
Ser a testemunha do único Deus verdadeiro perante as nações,
e;
Ser o meio pelo qual viesse o Redentor.
Obs.: Tomando como base, os personagens, os lugares e os acontecimentos
bíblicos, podemos construir a história da Bíblia em sua Ordem
Cronológica.
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